No ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, a Câmara Municipal da Maia, a propósito do Mês da Arquitetura da Maia (MAM), lança o repto aos arquitetos Ana Resende e Nuno Melo Sousa para fazer a curadoria de uma exposição em diálogo com a data comemorativa. Para responder ao desafio, os curadores convidaram 50 arquitetas e arquitetos a refletir sobre a pergunta “O que é um espaço de liberdade?”. Cada um dos participantes contribuiu com um texto e um complemento em forma de imagem, desenho, vídeo, som ou objeto. A partir desses convites, surgiram respostas provenientes de mais de 35 países, como Brasil, Chile e EUA (América), Alemanha, Espanha e Ucrânia (Europa), Angola, Gana e Zimbábue (África), Barém, China e Japão (Ásia), e Austrália (Oceania), para citar alguns deles.
Álvaro Siza, Animali Domestici, aoa architects, Bernard Khoury, Carlos Nogueira, Ciro Miguel, Civil Architecture, Cryptic.K, Daryan Knoblauch, Dominique Petit-Frere (Limbo Accra), DUA Studio, Eduardo Longo, Elvira Solana Rico, Field Atelier, Grandeza Studio, Hélène Frichot, Hui Pan, Irina Davidovici, Ivo Barão, Jack Self, Javier Agustín Rojas, Jesús María Aparicio, Julia Albani, Kevin Mark Low, LCLA Office, Luísa Penha, Marc Leschelier, Margarida Waco, Maria Helena Rente e José Carlos Portugal, Mariana Pestana e Joana Pestana, Maruša Zorec, Mary Duggan, Matteo Ghidoni, METALAB, Noura Al Sayeh-Holtrop, Oliver Wainwright, Paula Nascimento, Peggy Deamer, Satoko Shinohara, Sean Godsell, Smiljan Radic, Tatiana Bilbao ESTUDIO, TEd'A, Thandi Loewenson, Tomoaki Uno, Tosin Oshinowo, Valerio Olgiati, WOJR, Wolff Architects e Yasmeen Lari são as 50 contribuições para a exposição.
Da Ucrânia, o coletivo de arquitetas METALAB envia uma escultura em cerâmica que também funciona como um jogo. A peça, ironicamente, chega a Portugal danificada. Sem perder a vontade de participar, o coletivo aceita que seja colada e complementa a sua resposta, evocando a ideia de fragilidade e a necessidade de espaços coletivos de liberdade e de cuidado.
A paquistanesa Yasmeen Lari refere-se às 500 mil donas de casa que habitam o Paquistão rural, para as quais os fogões Chulah são espaços de liberdade e criatividade, depois de anos sujeitas a permanecer de cócoras em pavimentos repletos de lixo, diante de fogões a lenha.
Para a americana Peggy Deamer, a liberdade é um termo ambíguo e não se trata de uma condição espacial. No entanto, destaca o quarto como lugar fundamental para a liberdade de pensamento.
Hui Pan, da China, afirma que “um espaço genuinamente livre deve garantir a libertação intelectual, permitindo que as pessoas abandonem o senso comum”.
Para a dupla da Colômbia e da Noruega, LCLA Office, a pergunta colocada pelos curadores fê-los revisitar e finalizar um projeto que tinha ficado suspenso por restrições impostas por regulamentos.
Daryan Knoblauch, da Alemanha, participa na exposição apresentando um projeto recusado num concurso, por alegadamente permitir demasiada liberdade ao utente. O arquiteto aproveita esta oportunidade para, num gesto conceptual, recolocar a peça e aludir ao risco e às suas implicações. Daryan Knoblauch fará ainda uma oficina no dia seguinte à abertura (6.OUT, domingo, às 15h), que consistirá na construção de ready mades, pequenas instalações que servirão para expandir a noção de correr riscos.
O projeto conta ainda com uma obra site-specific do coletivo artístico berru em colaboração com a artista Flor, comissionada para a mostra, que pretende dialogar com o material exposto a partir de um sistema multi-sensorial.
Durante os fins de semana, o MAM oferece atividades diversificadas para todas as idades, entre oficinas, visitas guiadas e o lançamento do catálogo da exposição.
E afinal, será possível responder à pergunta “O que é um espaço de liberdade?”. Fica o convite ao público para refletir sobre a exposição no Fórum da Maia.